Grande Teatro Tupi

Mas foi em 1956 que Sergio idealizou, criou, produziu, dirigiu e atuou num divisor de águas na história da teledramaturgia brasileira: O Grande Teatro.

Durante nove anos, nas TVs Tupi, Rio e Globo, O Grande Teatro apresentou cerca de 400 peças, uma por semana, com um vastíssimo repertório de grandes autores mundiais e nacionais. Sergio Britto – juntamente com atores do porte de Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Ítalo Rossi – formava o quarteto protagonista. Todos criaram um vínculo definitivo com o público carioca. A qualidade artística do Grande Teatro possibilitou a esses atores uma espécie de formação artística do mais alto nível, uma experiência inigualável e jamais repetida, ao mesmo tempo em que permitia uma formação de plateia que assimilava esse requinte artístico.

O Grande Teatro, popularmente conhecido como “o grande teatro do Sergio Britto”, revelou o talento do novelista Manoel Carlos, responsável pela adaptação de grande parte dos textos, bem como os de nomes conhecidos da televisão, como Irene Ravache, Cláudio Cavalcanti, Yoná Magalhães, Antônio Pitanga e Camilla Amado, que tiveram ali suas primeiras experiências em televisão. Os autores Oduvaldo Vianna Filho e Domingos Oliveira começaram a escrever também no Grande Teatro. Sergio era o diretor, revezando-se com Fernando Torres e Flávio Rangel.”  –  Hermes Frederico – Trecho de “SERGIO BRITTO FEZ HISTÓRIA NA TV”.

“Em 1956, partimos para o Rio, onde devíamos estrear, no Ginástico, com A casa de chá do luar de agosto. Chegando ao Rio, soubemos que Celli havia abandonado na Tupi carioca um programa chamado Grande Teatro por motivo de estafa. Fui conversar com o Guilherme Figueiredo, diretor geral da emissora, e foi nesse dia que começou o Grande Teatro que, naqueles tempos, diziam do Sergio Britto, embora eu sempre o tivesse considerado, antes de tudo, um trabalho de equipe em que cada um de nós colaborou com muito amor e por que não dizer, com muito talento também.” – Sergio Britto – Trecho do livro “Fábrica de Ilusões”.

“Eu estava em São Paulo, quando li as primeiras reportagens sobre a TV, no Rio: o Chianca de Garcia dirigindo uma série de história do teatro e a Fernanda Montenegro, já mostrando a atriz extraordinária que é, encarnando desde Antígona a Sinhá Moça Chorou. As primeiras experiências que fiz em TV foram com Madalena Nicol, na Tupi paulsta, com três pequenas cenas extraídas da peça de Arthur Schnitzler, a direção de TV era do Cassiano Gabus Mendes.
Quando em 1953, comecei a produzir, dirigir e interpretar para esse Teatro das Segundas-Feiras, já havia a preocupação com a linguagem de TV, que na época era, para todos que a realizavam, a mais aproximada possível do cinema.” – Sergio Britto – Trecho do livro “O Teatro e Eu”.

“Fernanda Montenegro me diz que o nosso teleteatro foi a base de um contínuo progredir nosso como intérpretes. Sem o típico teatro europeu de repertório, dos teatros, foi no Grande Teatro com 386 peças que nos tornamos cada vez mais hábeis, cada vez mais disponíveis, cada vez mais os atores que queríamos ser. Tivemos `a nossa disposição esse repertório esplendoroso, aquele que nos fez aprender em nove anos toda a técnica, a habilidade, a disponibilidade que os atores necessitam para serem grandes. Fernanda está certa.”  – Sergio Britto – Trecho do livro “O Teatro e Eu”.