Viagens
“Foi a viagem mais rica, a mais apaixonante de toda a minha vida. Essa viagem à Índia e à Tailândia foi conhecer de verdade uma outra civilização, um mundo desconhecido entregue aos meus olhos, gulosos de novidades” – Sergio Britto, sobre a viagem à India – Trecho do livro “O Teatro & Eu”
“Minha primeira viagem aconteceu aos cinqüenta anos. Se tivesse ocorrido antes -me peguei pensando várias vezes, teria amadurecido mais rapidamente tendências que o instinto me apontou, teria enfrentado certas experiências de maneira diferente”- Sergio Britto, sobre viagens – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
“Em 1973 o acaso ajudou. Depois de montar no Teatro Senac a peça A festa de aniversário, de Harold Pinter, produzi ainda A missa leiga, de Francisco de Assis e Cláudio Petraglia. Nesse 73, essa peça era considerada um libelo político muito forte contra a ditadura. Tentamos uma viagem pelo Brasil depois da temporada carioca, mas não fomos longe. Em Belo Horizonte o público, incentivado pelo texto e pela encenação, começou a gritar abaixo o governo. A partir daí a censura agiu por meios indiretos: o Ministério da Educação habilmente disse que não havia verbas para uma prometida viagem ao norte do país” – Sergio Britto, falando sobre A missa leiga – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
“Victor garcía vem ao Rio me convidar para fazer parte do elenco de Auto Sacramentales, de Calderón de La Barca, que vai dirigir por encomenda do Festival de Outono de Paris e do Festival Chiraz, no Irã, entre outros eventos internacionais. Nós dois tínhamos tido uma relação muito boa nos ensaios de Balcão, em 1969. Victor ficara, como eu, frustrado por não termos realizado o espetáculo juntos. O Balcão aconteceu, mas sem mim.” Sergio Britto – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
” Aos sábados, os napolitanos preparam a comida para o almoço de domingo. No domingo brigam e não comem a comida preparada com todo o carinho. Na segunda fazem as pazes e comem a comida requentada… Acho essa peça esplêndida para o Brasil, mas sei que Eduardo não cede seus textos para um país com um sistema fascista como o nosso. Temos que esperar, mas tenho certeza do sucesso de Sábado, domingo, segunda-feira entre nós… Esse texto acabou sendo produzido pelo Teatro dos Quatro em 1986, com direção de José Wilker e Iara Amaral, Ary Fontoura e Paulo Gracindo nos papéis centrais. Eu não fiz nenhum personagem. Foi um dos maiores sucessos do nosso Teatro dos Quatro” – Sergio Britto, falando sobre Sábado, domingo e segunda – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
“Aqui em Londres Os filhos de Kennedy ganhou o prêmio de melhor texto inédito de 1974. Em 1976 dirigi e produzi no Teatro Senac uma versão desse texto. José Wilker, Vanda Lacerda, Susana Vieira, Otávio Augusto e Maria Helena Pader eram os filhos. Em 77 repeti a dose em São Paulo. Iara Amaral, Irene Ravache, Marco Nanini e Walter Cruz eram os filhos de lá.” – Sergio Britto, falando sobre Os filhos de Kennedy – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
“É hora de voltar ao Brasil e à realidade de interpretar Rei Lear, de Shakespeare, sob a direção de Celso Nunes, ainda este ano…O meu cabelo e a minha barba já estão começando a crescer e ele me pergunta para quando é o Lear. Respondo que espero fazê-lo em cinco meses. Ele me diz que também sonha com o Lear para este ano. Está visivelmente surpreendido com o Brasil: Lear no Rio? Incredible. Ele conhece o Rio, mas reage um pouco com o velho espanto dos estrangeiros que acha que somos só futebol e carnaval. De qualquer maneira, ele não fez o Lear. Nós fizemos.” – Sergio Britto, falando sobre Rei Lear – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”
“Conheci o grupo Ponto de Partida, de Barbacena, em 1988. Ivanée Bertols me telefonara umas duas ou três vezes insistindo em que eu fosse fazer um workshop de interpretação com o grupo. Eu não tinha tempo, minha agenda de trabalho estava totalmente preenchida, como quase sempre…O Ivanée insistindo. Acabei concordando em ir com ele a Barbacena. Um noite depois do espetáculo ele me pegou no teatro. Chegamos lá as duas horas da manhã. Fomos direto para o teatro estadual, que é montado dentro de uma escola. E lá encontro o grupo vestido, maquiado, pronto para me mostrar seu espetáculo, ema revisão bem mineira do enorme poeta nosso que é Drummond…Fiz com eles uma espécie de workshop durante quatro dias e desenvolvemos uma ligação que dura até hoje.” – Sergio Britto, falando sobre o grupo ponto de partida – Trecho do livro “O palco dos outros: caderno de viagens, 1973-1992.”